individualidades

terça-feira, fevereiro 26, 2008

madrugada de nevoeiro

A noite assombra os mais pardos, o fardo pesa-lhe os sentidos.

Aquele que prometeu cegar, adoeceu em tempo de guerra.

Ele chora todas as noites, enganado pela vida. Já não lhe sente o sabor, já não lhe conhece a dor, as maiores mágoas sempre foram as de feliz memória e sim, ele foi feliz, um dia.

O pior que lhe poderia acontecer era esquecer e isso aconteceu quando marcou o seu nome naquela lápide. A morte anunciada pelo derradeiro suspiro. O arrepio da lembrança que provou, um dia.

As lágrimas secaram-lhe o rosto. Volta o esforço, só para não ser a excentricidade na escuridão. O corpo dissera-lhe que estava vivo, um dia, mas até ele desistira de pesar a alma de um logro. Procurava sempre adormecer na madrugada quando o dia acordava, na tentativa de uma noite voltar a sentir. Sentir qualquer coisa. Aí sonha. Não se sonha, mas certo é sonharem por ele.

Nunca esqueceu uma cara, sempre o que esteve por baixo a começar pelo nome, à sua maneira de fumar o cigarro.

O dia funéreo, foi o dia em que deixou de gostar das pessoas. De tudo sobre elas, até aquelas que ele desejara ser, um dia. Aquelas que choravam de dor.

A melhor relação que tem é com o seu livro preferido, o de Heródoto, o pai da história que ele queria ter escrito. A pior, consigo mesmo.

Não é velho, não, nada disso. É ainda demasiado novo para morrer, morrer por fora, por dentro só foi preciso um Estio de incêndios. Sugou-lhe a vida. Vendeu a alma.

Ainda são as noites que tenta adormecer, de corpo frio, mãos dormentes e olhar vidrado, a fingir destino. E Ele nunca o apanha. Nunca o apanha.

Mas há esperança, há esperança para todos nós.

Ana

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

constatação

És tão desinteressante...
e eu continuo a ouvir-te e a aniur como uma bêbada aquilo que cospes.

O que é que isso faz de mim?

Ana

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

sweet valentine

Tês de cambala. Semblante fechado. Ritmado o timbre da respiração. Nós dos dedos enrolam o futuro. Apertam devagar, para não sufocar. Amachuca o papel. Beija a moeda. Atira ao ar a sorte desgraçada, para voltar a mentir o vício.
Nunca escreves na primeira pessoa.
O medo tolda o pensamento daquele que não se acredita.
Atira ao ar a moeda, caras ou corações. Rasga o papel. Queima uma árvore inteira.
A miserabilidade de uma prostração. Corações:

Segundos de ímpetos. Desenhos forçados.

“ Meu amor, num dia como este, numa data como esta…”

Queima! Isto é miserável!

A frustração de quem prefere ver uma cara, vítima do destino, para poder dizer que não te amo, não te quero, não te gosto, nem me esforço.
Passa um bom dia, dos namorados.

Cumprimentos,

Ana