individualidades

quarta-feira, agosto 12, 2009

quarto decrescente

Quando um dia – esse dia – os papéis se inverterem e me falares com o olhar o que mais temo, desfaleço. O sangue esfria vagaroso, retira-me o sopro, o mel que com fel te apanhou. Pergunto-te se falas com sentimento, não querendo a tua resposta. Mato a minha sobranceria de inveja por esse lugar que já sentei. Não quero chorar, mas acho que me notas, o sussurrar das frases em pose de quem não admite que perdeu amor. Rio-me para disfarçar que ardo, só ri das cicatrizes quem ferida nunca sofreu no corpo, dizia o outro. Mentira, eu sofro!
Digo-te em paz que não me mates de desgosto a tua infelicidade. Esmoreço a postura, como quem pouco confiante confessa, só queria que tal não aconteça!
Deixo-te ir, com um punhal atravessado no rosto, um pouco acima do pescoço, sabendo que ali termino eu. Mas começas tu.
Não te censuro o amor, em tempo nenhum to diria. Reconheço nas tuas palavras os ditados de um dia que eu própria já falhei. Nunca deixei de reunir em ti o sol ou a lua, naquele que queima, naquela que muda. Talvez venha o momento de arder noutro lado, cegar outros sonhos, pois eu jamais sentiria a pertença de algo que não o sente.
Vai! Volta! Não! Não voltes.
Telefona.

Ana