individualidades

terça-feira, março 23, 2010

23 de Março 2009

I'd listen to the words he'd say
but in his voice I heard decay
the plastic face forced to portray
all the insides left cold and gray
there is a place that still remains
it eats the fear it eats the pain
the sweetest price he'll have to pay
the day the whole world went away.

Por todas as respostas que nunca terei
Por todos os risos que silenciarei
Por todos os olhares que deixarei

Com a esperança

Que um dia, renascerei, em ti.

Fim.

Ana

segunda-feira, setembro 07, 2009

ocaso

Em que momento é que ela encarnou as letras que lia, eu não sei. Nunca aquele livro teve pontas viradas, palavras riscadas, anotações nos cantos, uma bíblia de lado. Ali ela ganhava família, ganhava amigos, espantava amores, fazia tremer inimigo, tudo… como se não lhe custasse vontade. Não lhe espantei que tivesse desistido desta pífia forma de vida. Nada mesmo.

Ana

quarta-feira, agosto 12, 2009

quarto decrescente

Quando um dia – esse dia – os papéis se inverterem e me falares com o olhar o que mais temo, desfaleço. O sangue esfria vagaroso, retira-me o sopro, o mel que com fel te apanhou. Pergunto-te se falas com sentimento, não querendo a tua resposta. Mato a minha sobranceria de inveja por esse lugar que já sentei. Não quero chorar, mas acho que me notas, o sussurrar das frases em pose de quem não admite que perdeu amor. Rio-me para disfarçar que ardo, só ri das cicatrizes quem ferida nunca sofreu no corpo, dizia o outro. Mentira, eu sofro!
Digo-te em paz que não me mates de desgosto a tua infelicidade. Esmoreço a postura, como quem pouco confiante confessa, só queria que tal não aconteça!
Deixo-te ir, com um punhal atravessado no rosto, um pouco acima do pescoço, sabendo que ali termino eu. Mas começas tu.
Não te censuro o amor, em tempo nenhum to diria. Reconheço nas tuas palavras os ditados de um dia que eu própria já falhei. Nunca deixei de reunir em ti o sol ou a lua, naquele que queima, naquela que muda. Talvez venha o momento de arder noutro lado, cegar outros sonhos, pois eu jamais sentiria a pertença de algo que não o sente.
Vai! Volta! Não! Não voltes.
Telefona.

Ana

quarta-feira, julho 29, 2009

problematica DaVinci - consulta 1

Hipoteticamente falando:

O que a traz aqui Ana? Pergunta ela de aspecto normal sentada numa cadeira de aspecto normal, sorriso de aspecto normal, circunspecto, vazio, pouco interessado… o normal.
Acho que tenho problemas… digo eu, na esperança de que a aceitação tragam uns pontos na clarividência da minha normalidade. Olho à volta, constato que não era nada daquilo que imaginaria: uns quadros, uma chez-longue confortável, uma terapia hipnotizante… Portugal é mesmo pequenino, até nas salas de chuto emocional.
Que problemas? Insistia ela…
- O meu pai morreu.
Estou a fazer-me difícil, normalmente falo de tudo, é uma espécie de sedução… é estúpido achar que tenho que seduzir até a merda da gaja que me cura estes ímpetos histéricos contraproducentes…
- Sim…
Sim? Que raio de resposta… ok! Vou mudar de assunto – Tenho problemas emocionais antes disso... – Boa, ela vai perguntar que assuntos emocionais.
- Conte-me lá… revirando-se na cadeira como se isso fosse iniciar outro capítulo de interesse, apesar de saber que no final ela dirá (com os olhos): isso é um problema na relação paternal que está seriamente dimensionada pelo recente factor de abandono.
Tudo bem eu brinco a isso também – a minha irmã diz que eu tenho a problemática DaVinci na minha vida só que é de foro emocional – jackpot na introdução de mais um elemento familiar de referência.
- O que é que isso quer dizer? - Ela diz isso como se não tivesse percebido. DaVinci não conseguia terminar projectos, não sabia comprometer-se, logo eu não concluía nada do que me propunha, nem me envolvia profundamente em nada.
Não quero parecer arrogante, mas explico, a bom termo de uma relação profícua e não sei mais o quê…
- Não consigo comprometer-me emocionalmente com ninguém. Quando começa a tocar esse ponto, arranjo normalmente uma maneira subtil de me afastar e dizer: Não obrigado, já tenho! Tipo panfleto que se distribui sob o pretexto de nos levar de a a b e que ninguém lê, principalmente se for pintado de cores berrantes tipo o amarelo e o cor-de-rosa com letras garrafais a preto.
Acabei de dizer textualmente isto, na esperança de que me achasse piada – tudo em prol da relação!
Ela volta a mexer-se na cadeira, vê-se que está desconfortável – não comigo, não me achou muita piada, mostra que as meias não condizem nada com as calças, isso chateia-me. As meias e o facto de não ter achado piada. Agora vai falar como se eu fosse um ficheiro clínico cadastrado e vai apontar que as piadas são um subterfúgio para coisas que me deixam verdadeiramente desconfortáveis – o que me parece óbvio caso contrário não as mencionava.
Ela é feia. Tem um cabelo frisado cheio de volume pintado. Combinação terrível acrescento.
50 Minutos e pausa – pausa – obrigado – corredor – senhora simpática – cheque – recibo – até para a semana.

Hipoteticamente falando, claro
Esta seria a minha primeira consulta, se a tivesse tido.

Ana

noites insólitas

Ele – Então a tua irmã traz o namorado…

O teu irmão traz a namorada…

Então e tu?

Eu – Eu não consegui trazê-los todos.


Ele – … no Benfica são todos uns corruptos…

Eu – Mas olha que é o José Roquete que está sob investigação no caso BPN, ou não é?


Ana

quarta-feira, julho 08, 2009

fractured life

It's people scattered on the floor,
Cool war kids are running out of time,
It's such a shame to see,
It's such a shame to feel this way,
The sun comes streaming throught the clouds,
Dust and dirt are settled all around,
But, I hear the same old words,
I see the same old warning scars,
We're out of luck this time,
We've fallen apart,
We're out of luck this time,

Tears are rolling down my face,
Feeds the fear that's running through the stream,
And oh I just wanna feel,
But I don't wanna feel this way,

(But I do!)

No more running away

Ana

segunda-feira, junho 08, 2009

puras

É tão frustrante nunca poder pensar a tua dimensão. É errado pensar em ti? Pensar em ti como se estivesses aqui. Perto, abraçado, de perfume inundado? As vezes juro que vejo o teu vulto, ouço a tua voz no fundo, o teu riso pelo meio. Não quero pessoas, quero-te a ti.

Ana

terça-feira, maio 26, 2009

penas

A todos os que me tiveram e não me agarraram, aqui fica:

Não sabem nada, de nada de mim!

Ana