individualidades

quarta-feira, maio 10, 2006

Retrados de Dorian Gray

Remetente: a todos os que tentaram se retratar a nós em tintas insípidas, onde as cores “vivas” não constavam de realidades que procuravam pintar.
Conhecer uma pessoa, conhecer-lhe os defeitos, os gestos, o cheiro, as pausas, os olhares, os silêncios descritivos, a alma… Olhar-lhe e ver-te o sentido da vida, como tocas a nossa e como comungamos da mesma. Conhecer uma pessoa conhecendo-nos…. Sentir-te O Melhor Amigo como se isso fosse a tua missão, o teu dom inato para a vida… (pena que o retrato que escolheste para te pintar não tivesse modelo) Foram ilusões é certo, mas ilusões que nos permitiram encontrar o verdadeiro valor de um pôr-do-sol em praias que desconhecíamos, e que as descobríamos como se nunca antes tivessem sido profanadas por alguém, num verão qualquer (era o nosso verão), aquele trilho, aquele caminho, aquele comboio, aquela ponte, eram nossos e tu destruíste(te) porque foste embora. Éramos muitos sim, mas tu eras especial e contávamos contigo. Contávamos que não nos deixasses cair daquela ponte, que não nos deixasses perder aquele comboio, que nos iluminasses o caminho de volta quando as horas ficavam perdidas do sol. Era aquele teu sorriso. Esse caminho que continuámos incansáveis a percorrer, nunca voltou a encontrar o teu; não que o desconhecesses, porque esse corria nas palavras do mundo, e elas chegaram ti. Ficaste inerte nesse teu espaço vazio de tintas permanentes mas cheio de pós solúveis: “és uma mão cheia de nada”! Confidenciar-te a nossa vida esperando-te um retorno e tu ignoraste que existíamos (como isto dói), convidámos-te para fazeres parte da nossa vida e tu respondeste: “esqueci-me”, convidaste-nos para fazer parte da tua e em conversas secretas viemos a saber que não passou de um “favor” (não precisamos de favores). Esmoreceu a vontade de te ter para nós, mas continua vivo o teu lugar em entrelinhas desvanecidas (porque é que não as consegues ler?) O que é isto de olhar para um retrato e nem sequer te (re)conhecer? Precisas dele para viver? Sempre achámos que nos bastaria ver-te viver! Porque que nos banalizas? Porque nos tornaste segundas escolhas? Não te servimos mais? E quando voltares a cometer os mesmos erros, achas que serão as desresponsabilizações que te farão crescer? (nunca vimos tal acontecer, não é esse o sentido da nossa vida, não fomos feitas para ficar embrionárias). Sente o que te estamos a escrever, pois são palavras de desilusão. Ainda nos reconheces o rosto? Sim, isto é para ti e para ti.
Hide your true shape, like Dorian Gray…

Kiki e Ana

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

e é assim que retratamos, quem não tratamos, não é verdade...intrataveis!

Ana

11:04 da tarde  

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