individualidades

quarta-feira, maio 10, 2006

Instinto de Ti



O ritual é sempre o mesmo, e anuncia sempre mais uma viagem (des) conhecida…
Chegamos a mais uma Friday in love…
O percurso é igual, o destino também, e sempre que ele se anuncia as dúvidas acorrentam-nos ao mesmo espaço, aquele em que tão bem nos sabemos mover.
O motor liga-se já quase como se soubesse o que lhe espera, a direcção é sempre a mesma, e já nem o (des) conhecido sabe onde ela fica.
Tudo é só nosso, meu e teu.
É a hora de abrir as janelas, é a hora de deixar entrar o sopro que nos torna filhas do vento… é a hora em que gritamos os sussurros que calámos durante a semana, é a hora em que nos revelamos, é aquela que não deixa espaço para grandes tramas teatrais…
Rescrevemos de fio e pavio a nossa alma, transportámos o seu peso durante 7 dias e estamos cansadas, não que a nossa alma pese mais, ela apenas precisa de um porto para ancorar. Os passos em “bicos do pé” que demos precisam de se vincar, precisam disto para os certificar… e nos sabemos tão bem…
O bom dia alegria está dito, resta-nos esperar pelos milagres que se vão multiplicar. Acelero ao ritmo das nossas iras, reduzo ao som das nossas confissões, nada fica descompassado, porque a melodia é nossa, e queremo-la sempre tão perfeita!
Não existem médias, modas nem tão pouco desvios-padrão, somos nós, nós duas, esbatendo-se em ritmos (des) compassados, mas em melodias individuais.
Os porquês tomam conta de nós, e cada uma à sua vez, desmonta a filigrana em que nos enredamos, tudo, até ao último nó. Não existem “dividas” nem “adoro’s” para esconder olhares, sou eu, és tu, a as nossas almofadas.
Neste momento não é mais 21 gramas que ela pesa, pesa menos, muito menos, foi partilhada e por isso justificada. É a alma que me conheces, não um rosto, não um hábito, nem tão pouco uma vida… é a alma, as minhas 21 gramas adicionais.
_ Olha, mais uma curva, acelero? Reduzo? Diz-me em que compasso estás!
_ Reduz kiki, reduz… estou perdida, não sei em que curva estás.
Não tem importância, o caminho ainda é longo, mais curvas virão.
O motor, esse está cansado, mas ele perdoa-nos as nossas extravagâncias, ele sabe que precisamos disto para respirar… a janela ainda está aberta, ainda existem brisas por entrar.
O retrovisor mostra uma vida deixada para trás, mas nós mandamo-lo calar, é o vidro da frente que queremos seguir. (como dói isto)
_ E agora Ana, reduzo ou posso acelerar?
_ Acelera kiki, eu sinto a próxima curva a chegar.
O conta-quilómetros não para, ele mostra-nos a distância a alargar…. (o retrovisor rendeu-se a isto, é a vida a mudar) …
_ Kiki, o mapa?
_ Não tenho, rasguei-o…
As sextas não têm mapas, não vieram com recomendações, nem tão pouco com instruções, elas existem para amar.
O motor ameaça ceder, mas ele também nos conhece, sabe que não estamos prontas para parar.
A ida está completa, mas ainda nos resta o dobro para voltar…
Sim ainda é o nosso tempo, aquele que não tem regras para acontecer.
Os nós estão desfeitos, mas existem fios para reorganizar, o acelerador sente isto, não hesita em abrandar, ele sabe que precisamos do nosso tempo, e não nos quer apressar.
A volta é sempre mais longa, fecham-se as janelas, não há vontade de gritar. As músicas cedem lugar às lamentações, mas não, não as queremos mais.
No banco de trás as nossas almofadas lembram-nos os tempos de menina que queremos recordar, mas não, elas estão lá, não as queremos agora, não agora…
Aproveitamos o ombro para chorar, é hora de o rádio falar…
(e ele fala assim)

“You and I have lived through many things.
I'll hold on to your heart.
I wouldn't cry for anything,
But don't go tearing your life apart.”

“And if you want to
talk about what will be,
Come and sit with me,
and cry on my shoulder,
I'm a friend”

Pronto terminou, é hora de o voltar a calar…
O silêncio mostra-nos a alma que teima em doer, mas ainda há distancia a percorrer, e sabemos que ainda temos tempo…
As curvas já são conhecidas, é o retorno, agora podemos acelerar…
_ Estas curvas kiki, já as conheço, que bom que é poder recordar…
As malas estão feitas, as memórias guardadas em pastas conhecidas, nomeadas e datadas…
O silêncio não pesa já mais, sabemos que o podemos prolongar, sabemos que ele não nos vai matar, ele conhece-nos tão bem…
Os fios voltaram a baralhar a teia em que nos guiamos, mas não, isto não nos mete medo, existem ainda muitas sextas para os (des) baralhar.
Os corações podem ouvir-se latejar, é isto que o nosso silêncio nos permite, nenhuma escuta o seu, gostamo-nos de mais para isso.
Os bancos já cederam aos nossos corpos irrequietos, queremos as nossas almofadas para descansar, mas ainda não, ainda não…
_ Compreendes kiki?
_ Sim compreendo!
O caminho já está a ficar escuro, precisamos de luz para nos guiar. A noite mostra-nos as sombras, mas não, não temos medo, as mãos estão juntas, não se podem separar. (I have faith in you…)
A noite também nos impele a mais uma aventura, estamos a chegar… é a hora… Be the Love Generation. Mas não é disso que vos estou a falar?
O motor desliga-se, chegamos…
Foi mais uma Friday in Love…
_ Ana, olha a tua almofada…


Obrigado (e sabes o quanto odeio esta palavra) por existires na minha vida…
Te amo pequenina.

kiki

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

só eu sei essas sextas feiras, so tu sabes essas sextas feiras, somos nós que partimos, sempre fomos..juntas aquilo que nunca fomos antes de te conhecer, sim hoje sou melhor porque te conheço...e quero viajar, conhecer essas curvas contigo, deixar de olhar para trás com medo do que lá vem, porque eu sei que estas comigo, e assim nunca terei medo!
adorooo-te mais que tudo
és a minha amiga, a minha...

um beijo, uma tarde, um sorriso, um abraço, um olhar

Ana

7:17 da tarde  

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