individualidades

quarta-feira, maio 10, 2006

noites

Olho a janela, sinto-te fria, a noite é como as outras, o candeeiro das juras de amor, de assinaturas gravadas apaga e acende o meu reflexo, vejo os anos passar por essa janela, as marcas que vai deixando em mim, o contorno que antecipam os sorrisos, os olhos que se rasgaram em lágrimas…mas esta é uma noite como as outras.
Sinto a tua presença, queres ler o que penso, eu sei que estas aí, não precisas de me tocar, a tua respiração “arrepia-me” a pele, peço um beijo teu, e esqueço de mim, fundo-me em ti, porque sabes quando chegar…
Perco-me das memórias…
“Vou dormir, vens?”
Sigo os teus passos, marcados no chão pelos teus pés nus, procuro encaixar os meus no rasto dos teus, não vacilo, porque sei para onde me levas, sei que não me queres mal…encontro-me contigo, onde tantas vezes me desencontrei, o meu descanso nem sempre foi o teu. Abres a cama, alisas os lençóis uma ultima vez, bates na almofada e olhas para mim, sim eu conheço esse gesto tão bem… fico a ver da porta, na penumbra o teu ritual, é por ele que gosto de ti.
Sinto que não te conheço tão bem como quereria, mas conheço isto, conheço o encontro dos olhos, o sussurro ao ouvido, o enrolar dos teus dedos no meu cabelo, a tua luz que não se apaga enquanto eu não durmo em ti, sei que me olhas noite após noite, já me contas-te, e enquanto não te dou a mão, aquele abraço, e me enrolo em ti não te sinto bem.
Precisas de mim, para adormecer…não te preocupes eu prometo não fugir por aquela janela, e enquanto me procuras naquela posição perfeita em que dois corpos encaixam dessa maneira não te entregas em sonhos…
E quando os sonhos te tiverem a agarrar, sabes que te vou acordar, talvez seja por isso que não apagas a luz…”tenho frio, tenho os pés gelados, podes ir buscar as meias” e levantas-te devagar, como tantas vezes fazes, olhas-me mais uma vez recordas-te daquilo que visto e procuras as meias que condizem comigo nessa noite, não me acordas, eu sei que não me acordas…tratas de mim como se fosse ar nas tuas mãos. Voltas para mim, apagas a luz e esperas pela vida amanha, agarras-me forte a mão, e adormeces no mesmo sono que eu, … “gosto-te” e sabes que não é vão, porque de manhã prometo acordar-te como me adormeceste.

Por todas as noites

Um beijo


Ana

3 Comments:

Blogger individualidades said...

como nao podia deixar de ser... compassadas sempre!
como diria alguem que eu "conheço"... "muito bom"...

11:43 da tarde  
Blogger AR said...

"...you make that dance look so new
and I'm on
a face like you've never seen
I'm yours
tonight
so come on

light up the stage
so we can all take of anywhere
we'll never
come back
ever

you wear that cast so cool
and I'm on
a face like you’ve never seen
before
around
so come on
yeah

light up the stage
so we can all take off anywhere
we’ll never
come back
ever

right on the stage
you picture all of us everywhere
we'll never
come back
ever..."

Está tão verdadeiro esse sonho..que é capaz de arrepiar.Sabes que se acordo da maneira como adormeço, estou no céu...corres descalça atrás de mim?e eu atrás de ti?Tapo-te a cabeça com a almofada, em modo de brincadeira..depois beijo-te incessantemente...até tu adormeceres ao meu colo...amanha será um novo dia.Será aquele dia em que me darás um beijo na testa quando te levantares.E enquanto te vestes, olhas para mim, e ves todas as posicoes estranhas que tenho na cama, so porque nao estás lá...Eu não estou bem, quando não estás la...Por isso levanto-me, pego em ti...deito-te outra vez na cama, enrolado num abraço que nos faz desiquilibrar...e depois...depois...cócegas...e...
Adoro aquilo que escreves...posso "mostra-lo"?
beijo.G-T

PS - ah...tendo a ver com o primeiro comentário...muito bom! =)

3:36 da tarde  
Blogger BellaMafia said...

ora... isto já aprecio, a introdução ao espaço, o sentimento empático, sinto-me voyer e sinto-me bem!lol.
continua que vais bem...

3:25 da tarde  

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