individualidades

segunda-feira, maio 29, 2006

“fotografias”

Hoje senti finalmente que as tinha de arrumar… arrumar momentos, arrumar sentimentos… arrumar vivências… arrumar projectos e sonhos.
Tinha-as todas espalhas, como se espalhada estivesse também a minha vida.
Sentei-me, exactamente como sempre fiz, cruzei as pernas, respirei tão fundo que quase se podia antever um nascimento, abri o álbum…
Uma a uma lá fui prosseguindo com a história. Cada uma a seu jeito guardava-me, contava algo, um momento no final do dia, outro momento ao acordar, um momento triste, outro ainda mais feliz… enfim tantas emoções apenas sustidas por umas mãos que não podiam mais cessar.
Estou a ficar cansada e só me apetece acabar, mas não, não agora.
Mais um preenchimento no álbum e vou sentindo-me cada vez mais leve, mais livre, mais eu…
As luzes das velas vão iluminando cada rosto que (re)vejo, sinto-me imensamente vazia, aqueles rostos já não os reconheço… mas enfim, não os quero rasgar, são projectos do que fui, realidades do que sou. As velas vão cedendo ao tempo, mas peço-lhes para que não se apaguem, ainda preciso de tempo… não, não quero luzes mais fortes, prefiro os rostos na penumbra, não penso ser capaz com mais claridade…
Descruzo as pernas porque me sinto já cansada, descruzo caminhos que ficaram presos em perguntas intermináveis, descruzo porquês que sustidos por mim não queriam mais responder à minha vida.
Com a ajuda de etiquetas vou arrumando cada capítulo, não que tenha medo de os esquecer, apenas preciso de algo para os reconhecer.
Uma a uma, e o chão vai ficando cada vez mais vazio, o meu álbum está finalmente a ficar arrumado; já só restam algumas, mas o numero cada vez mais reduzido mostra-me também o quão perto está o fim. Não que eu já não o antevisse, só não o queria tão perto.
O álbum começa a ficar incrivelmente pesado, já nem sei se vai fechar, mas não o quero repartir por mais nenhum, não lhe vou conceder esse privilégio, quero espaço para novos momentos.
Chegou a vez da última, sadicamente revestia um sorriso que tão bem conheço, um sorriso plantado numa praia que reconheço só pelo tacto, que reconheceria no meio de uma imensidão delas. Esta sim, esta está a ser dolorosamente guardada, mas não me resta outra forma de o fazer. Pronto… terminou… nem sei se me sinto capaz de o fechar. Acendo um cigarro como se sozinha não o conseguisse, faço um telefonema, preciso de uma voz que só ela me entende, preciso da tua voz para o fazer. Do outro lado oiço um: “kiki, também já arrumei as minhas malas, agora é a tua vez!”
Não precisei de muito mais para encerrar aquele álbum. Fechei, levantei-me e olhei o lugar dele naquela estante. Pensei em esconde-lo, mas rapidamente decidi que o lugar dele era aquele, aquele que estava vazia, mesmo ao lado do meu novo álbum.
Antes disso, só me restava um titulo que precisava de lhe atribuir… não hesitei dois momentos: o meu álbum iria chamar-se barril.
O novo? Não esse não tem ainda nome… vai esperar por ti, e por ti, e por ti…
Citando alguém que adoro: “eu arrumo tão bem as minhas fotografias”…

kiki

3 Comments:

Blogger individualidades said...

humm...sabes que é sempre assim... kiki, ana, resolve a minha vida... e é bom poder contar com isso, é bom saber que teremos aquele obro pa rir e pa chorar... adoro-te e saber que me esperas aqui como te espero aqui... é saber um futuro sem o conhecer... o verão... paaa ja sabes que não da pa outra coisa, podemos não tentar afogar-nos nas gaivotas, pode ser que desta vez te afoges (porque ai, não me meto) com uma gaivota morta num prato de um senhor qualquer que se matou acidentalmente por causa de uma amigo e um naufragio..vá-se la saber...
mas bem, que seja esse o teu album, ele não guarda as recordações, guarda apenas o que de melhor elas tiveram..bem ao tom de cliché!
um beijo... da tua best

Ana

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