individualidades

sábado, agosto 16, 2008

metamorfoses

Quando eu era pequena, mais pequena, corria para os braços do tempo. Havia um instante, logo depois do almoço de Sábado, aqueles longos almoços.
Sempre fui de ideias fixas, ou de sentimentos fixos e esse instante tornou-se fixo para mim, pelo menos durante 19 Sábados. Depois acabou.
Hoje, vejo que se passaram 10 anos e tornei-me o instante. Talvez se tenham invertido as fixações e logo após o almoço de Sábado, reserve um olhar para o que está à minha volta.
Nunca acreditei viver de fantasias, mas no fundo sempre tive um desejo imenso que a minha vida reservasse para mim algo mais arriscado, mais apaixonante, mais lucrativo até – para mim, não para o estado.
No outro dia, num desses instantes fixos, de minutos onde cabem mais do que os segundos dispostos, ouvi que existe uma altura na vida que não sabemos o nosso rumo, ou as nossas escolhas – uma loucura opcional talvez. E se, essa altura não demorar 19 sábados? E se essa altura se tornar em mim, ou eu nela?
Depois atingiu-me como um daqueles monólogos doentios que tenho comigo mesma, porque é que não tenho medo de morrer? Do género – eu não tenho mesmo (e com isto não quero dizer que o tentasse ou assim... ), mas se se deparasse o instante, ou a verdade... Chego à conclusão que a isso se deve uma total cobardia da minha parte. Entenda-se a escolha de morrer é sempre nossa, mesmo sob circunstancias particulares, lutar por viver, por respirar. Podemos optar por não fazer nada disso, apenas – morrer. E perguntam-se onde vem a cobardia, então? A opção de viver é bem mais difícil, porque não depende de nós. Na escolha da vida existem os fracassos, existe a falta, existem as palavras de outros amordaçando as nossas. Na vida podemos sentir que não sabemos amar (já não), que só abraçamos, sem ser abraçados, ou que temos prioridades sem o ser - disso sim eu tenho medo, de uma vida assim.
E depois tal como 10 anos atrás surgia como uma névoa de sussurro, uma entoação pouco cantada, com a pergunta ideal:
If God had a name, what would it be
And would you call it to his face
If you were faced with him in all his glory
What would you ask if you had just one question”:

Será esta a nossa única oportunidade de viver?

Ana

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem... faz algum tempo que não leio uma posta tão mórbida, no entanto é sempre refrescante saber que existe de facto quem valorize a vida, não no sentido universal da mesma mas pela sua complexidade e de certa forma dispiciência. A vida não é criada à nossa imagem, ao contrário do que muitos dizem (assim como a morte não o é para muitos), mas a vida proporciona-nos a habilidade de lutarmos por ela... e isso mais do que tudo vence qualquer morte!

Bjs,

S

4:16 da tarde  

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