individualidades

quinta-feira, março 01, 2007

Tomar café comigo?

Aquele aglomerado de corpos, aquele cheiro de mel e de fel, amargo doce, luxo que outrora me inebriou.
Tomar café comigo, como se fosse o café que estivesse em causa. Talvez o seu cheiro forte, talvez a sua cor enigmática, talvez o seu sabor inigualável, talvez até o seu efeito de êxtase… mas o café?
A chama acende mais um cigarro, como se de acender o desejo se tratasse, mentiras, traições, paganismos encobertos numa cara de anjo… gestos de sedução, um reino de prazer a blasfemar o sagrado.
Cheiro a fruta, unhas vermelhas de paixão, sorrisos pagãs de quem deseja… terrenos pantanosos onde vais escorregar e amar sem condições, raios de fogo que atravessam a alma e queimam em cicatriz, tatuagens de lume que criam marcas inapagáveis, mentes que esperam pela banalidade de uma felicidade que pensam possuir, registos de chamadas perdidas esquecidas num plano neutral, energia gasta no passado que morreu tendo ainda o fôlego necessário para existir, fogo de uns olhos que se cruzam, linguagem do silencio.
Definições procuradas e esquecidas propositadamente, perdidas numa tradição de escolher o desconhecido. Incómodo, desconfortável, perigoso, secreto, oculto, simbólico. Receio de dar passos que não estão no mapa, mas que no fim das horas tornam a vida mais interessante….

E mesmo assim, queres tomar café comigo?

kiki

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

eu tomo o café contigo, e durante essas horas na noite eu fico a saber o que tu sabes. ponho em perspectiva o que conheço. cresço e desiludo-me. cresço e torno-me mais humana. contigo. porque és amiga. porque és imperfeita, porque és tu, para mim, assim sem nada. com tudo.
gostei do texto. gosto de ti.

um beijo

Ana

1:01 da manhã  

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